21 de abril de 2011

A História do... Perfume!





O perfume é uma mistura de óleos essenciais aromáticos, álcool e água, utilizado para proporcionar um agradável e duradouro aroma a diferentes objectos e, principalmente, ao corpo humano.

Os óleos essenciais são obtidos por destilação de flores, plantas e ervas, tais como a lavanda (alfazema), rosas, jasmim, sândalo, frutas cítricas, bergamota (tangerina) etc. O perfume de jasmim, por exemplo, obtém-se através de um processo chamado "enfleurage", que consiste em impregnar as substâncias aromáticas em cera e depois extrair o óleo com álcool. Também são utilizados compostos químicos aromáticos.

Os fixadores que aglutinam as diversas fragrâncias incluem bálsamos, âmbar cinzento e secreções glandulares de civetas (espécie de ginetes) e cervos (veados) almiscarados. Estas secreções, sem diluírem, têm um odor desagradável, porém, em solução alcoólica actuam como conservantes. Actualmente estes animais estão protegidos em muitos países, por isso, os fabricantes utilizam almíscares sintéticos.
A quantidade de álcool depende do tipo de perfume que se quer obter. Normalmente, a mistura deixa-se envelhecer por um ano.



História

A arte da elaboração do perfume nasceu no Egipto transpondo os limites dos tempos e das pirâmides transformando-o num ‘acessório’ apreciado pelos ricos mortais, ao invés de ser um privilégio unicamente dos deuses e dos mortos. Assim os sacerdotes, aos poucos, transformaram os seus templos em autênticos ‘laboratórios’ de Perfumes Artesanais. Por volta do ano 2000 a.C., os primeiros clientes foram os faraós e os membros importantes da corte, logo, o uso do perfume difundiu-se, trazendo um agradável toque de frescura ao clima quente e árido do Egipto.

A necessidade de contar com essências refrescantes tornou-se tão fundamental que a primeira greve da história da humanidade foi protagonizada em 1330 a.C. pelos soldados do faraó Seti I, que pararam de fornecer unguentos aromáticos. Pouco depois (1300 a.C.), coube ao faraó Ramsés II enfrentar uma revolta de plebeus em Tebas, que estavam indignados com a escassez de rações, de comida e de unguentos.

Os egípcios cuidavam muito da sua higiene pessoal, tinham o hábito de lavar-se ao acordar, e também antes e depois das principais refeições; além de água, usavam uma pasta de argila e cinzas, a Suabu, que era uma espécie precursora do actual sabonete; a seguir, friccionavam o corpo com incenso perfumado.

O químico árabe, Al-Kindi (Alkindus), escreveu no século IX um livro sobre perfumes chamado Livro da Química de Perfumes e Destilados. Continha centenas de receitas de óleos de fragrâncias, conservantes, águas aromáticas e substitutos ou imitações para drogas caras. O livro também descrevia cento e sete métodos e receitas para a perfumaria, inclusive alguns dos instrumentos usados na produção de perfumes ainda têm nomes árabes, como alambique, por exemplo.

O médico e o químico persas Muslim e Avicenna (também conhecido como Ibn Sina) introduziram o processo de extracção de óleos de flores através da destilação, o processo mais comummente utilizado hoje em dia. As suas primeiras experiências foram feitas com rosas. Até descobrirem perfumes líquidos, feitos de mistura de óleo e ervas ou pétalas amassadas que resultavam numa mistura forte. A água de rosas era mais delicada, e logo tornou-se popular. Ambos os ingredientes experimentais e a tecnologia da destilação influenciaram a perfumaria ocidental e desenvolvimentos científicos, principalmente na química.

A partir de Espanha, o perfume foi introduzido em toda a Europa durante o Renascimento. Foi em França, a partir do século XIV, onde se cultivavam flores, que ocorreu o grande desenvolvimento da perfumaria, permanecendo desde então como o centro europeu de pesquisas e comércio de perfumes.



Principais famílias olfativas

As fragrâncias classificam-se em:

Cítricos Florais: quando utilizam matérias-primas extraídas de cascas de frutas tais como lima, limão, laranja, pomelo, tangerina, entre outras. Também denominados de "frutados".

Florais Aldeídos: a matéria prima é extraída das flores naturais ou desenvolvida sinteticamente em laboratórios. As notas tem carácter delicado, subtil e discreto.

Fougère: elaborado a partir de matérias-primas leves e frescas, normalmente extraídas de madeira, por isso são conhecidos como amadeirados, e a elas juntam-se a mistura de álcoois, tubérculos e raízes. São muito utilizados em fragrâncias masculinas.

Chipre Florais: fabricados com matérias-primas advindas de musgos, normalmente do carvalho. São os perfumes mais clássicos e sofisticados.

Orientais Florais: as suas misturas são constituídas normalmente de tuberosas (raízes), baunilha, patchouli, ylang ylang. Inspiram sofisticação, são marcantes, misteriosos e super sensuais.

Couros Secos: fragrâncias extremamente secas, com características dominantes. As suas matérias primas são extraídas do tabaco, de madeiras, couros, musgos etc.

Aldeídos Florais (?): geralmente são misturas sintéticas, também usadas nos perfumes muito clássicos e sofisticados. Possuem uma certa frescura inicial característica e picante.

Aromáticos Secos e Frutados: são misturas de secos e frutados, que criam uma fragrância híbrida. Geralmente usam condimentos como cominho, estragão e manjericão, além de especiarias como o cravo, canela, noz-moscada e até mesmo a pimenta.



A magia dos cheiros

Antigamente, o sistema límbico era chamado de cérebro das emoções. Quando estamos muito tensos e nervosos, um aroma de lavanda é capaz de nos relaxar e nos induzir ao sono, ajudando em casos de insónia. Quando estamos apáticos, deprimidos, infelizes, o aroma de bergamota pode ajudar na recuperação. Aromas de limão, vetiver (relva de cheiro/relva das índias/falso patchouli…), eucalipto e alecrim melhoram a concentração, sendo que o de alecrim alivia também o cansaço.


Aplicação no corpo

Ao aplicar-se o perfume sobre a pele, o calor do corpo evapora o álcool rapidamente deixando as substâncias aromáticas, que se dissipam gradualmente durante várias horas. Por isso, o perfume é aplicado nas partes mais quentes do corpo como pulsos, nuca e atrás das orelhas.


Classificação

A força de um perfume depende, basicamente da concentração de matérias-primas utilizadas na sua concepção. Do ponto de vista técnico, consiste na mistura de vários ingredientes voláteis dissolvidos em álcool, que se espalham no ar em temperaturas normais. Pela origem, a palavra perfume aplica-se somente ao tipo de composição que contém a mais alta proporção de extracto aromático com o menor teor de álcool possível. As outras combinações quase sempre levam um pouco de água na fórmula. Essa concentração, portanto, é factor determinante na nomenclatura. É comum ouvir falar em fragrâncias com forte, ou fraco, poder de fixação, ou seja… que persistem – ou não – por várias horas. Mas o efeito não é mérito de um agente fixador, como há quem acredite. Na verdade, a fixação deve-se às notas de base (ou de fundo). Elas são ingredientes mais densos e persistentes, capazes de actuar na composição de modo a proporcionar uma difusão mais lenta.


Notas de Saída (Cabeça)

A introdução. A impressão inicial, elaborada para despertar o interesse, são as notas mais leves aquelas que "escapam" do frasco.
Ingredientes ligeiros e voláteis que evaporam rapidamente, são sentidas logo após a sua aspersão, vão directo às narinas. São notas frescas como limão, bergamota, laranja, pinho, lavanda e eucalipto.


Notas de Coração (Corpo)

O centro, a alma, a personalidade do perfume, são notas que expressam o tema principal da fragrância. Menos voláteis, evaporam mais devagar, são sentidas assim que o perfume "desaparece" sobre a pele. São notas mais encorpadas como as de flores, folhas e especiarias.


Notas de Fundo (Base)

Garante o poder de fixação de uma fragrância, são notas que definem o cheiro que se difunde na pele. Pouco voláteis, os ingredientes evaporam lentamente, é o último acorde a ser percebido e o que permanece por mais tempo. São notas densas, como as de resinas, de madeiras e as de origem animal.

O perfumista usa a fantasia e o nariz para criar fragrâncias marcantes, que podem reunir até 300 matérias-primas. É capaz de distinguir mais de 3 mil cheiros e consegue combiná-los numa quantidade ilimitada de fórmulas. Como um maestro compõe as diferentes notas, a sua mistura resulta no acorde ou na harmonia da fragrância, imaginando o papel que cada ingrediente terá na sua composição olfactiva. A força de um perfume depende da concentração de extracto aromático e das matérias-primas usadas na sua composição. Transformar essas misturas em sucesso está nas mãos dessa categoria restrita e valiosa de profissionais, que ganham salários astronómicos para desenvolver essências sob encomenda. O "bom nariz" desenvolve-se desde a infância. Existe uma ligação muito forte entre as coisas que acontecem durante a vida e os cheiros que as acompanham.


Ingredientes

As flores são efectivamente, as principais fontes de inspiração para os perfumistas. No entanto, os óleos essenciais usados na elaboração de um perfume podem vir também das raízes, caules, folhas, sementes, frutos, resinas, cascas de árvores, entre outros, o que proporciona um leque ilimitado de combinações. A laranjeira, por exemplo, oferece o neroli (extraído das flores), óleo cítrico (obtido da casca da fruta), e petitgrain (oriundo de folhas e galhos). Em meio a tantas possibilidades, cabe ao perfumista decifrar harmoniosas composições e interpretar o mistério da metamorfose que cada nota – ou tom – irá gerar num novo acorde. Não é fácil. Há um século existiam cerca de 150 ingredientes que poderiam ser usados na fórmula de uma fragrância. Actualmente esse número saltou para mil extractos naturais e, graças aos avanços da química, há mais de 3.000 opções em sintéticos, que são a base de muitos perfumes modernos.


Matérias-Primas Naturais

Flores

Não é por acaso que fragrância é praticamente um sinónimo de flor. É com o seu aroma que a maioria dos perfumistas compõe as suas criações. Rosa e jasmim, por exemplo, são consideradas os pilares da perfumaria. Tuberosa, Ylang-ylang e Flor de laranjeira, ou neroli, também têm o seu lugar de destaque. Outras espécies juntam-se nessa valiosa fonte de inspiração: calendula, champaca, frangipani, gardénia, gerânio, íris, jacinto, lavanda, lilás, frésia, lírio, lírios do campo (ou muguet), madressilva, narciso, mimosa, osmanthus e violeta

Raízes e rizomas

Resultam em essências notáveis, como a de gengibre, valeriana e vetiver, este último muito usado na perfumaria, pois é um tipo de planta com raízes fortes e fibrosas que oferece um cheiro a terra com um toque amadeirado.

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